Aprendendo a mobilizar os seus recursos internos e externos, bem como, os das pessoas à sua volta, em direção aos objetivos comuns.
Vivemos em um tempo transitório do Mundo VUCA1 para o Mundo BANI2, (https://crescimentum.com.br/de-vuca-a-bani-entenda-o-novo-conceito/), e essa realidade, mais complexa e menos previsível, insere a Liderança em um poderoso patamar de relevância, na medida em que os ambientes profissionais ganham contornos inimagináveis.
Nesse contexto marcado por profundas transformações, a liderança autorrealizadora encontra o seu propósito de liberar potenciais de si mesma, enquanto líder, a fim de construir ambientes profissionais que acolham, inspirem e potencializam o melhor de cada um, numa grande rede de conexão de potencial humano.
A Liderança autorrealizadora inicia-se pelo autodesenvolvimento do líder; da sua capacidade de “percepção de si mesmo”; da liberação dos próprios entraves internos e na clareza do impacto do seu comportamento em sua equipe; no seu processo decisório; e na sua ação convergente em agregar pessoas em torno de um propósito.
A liderança exige aprendizados múltiplos, que vão se consolidando ao longo de uma jornada da consciência renovada e do quanto o comportamento de um líder afeta sua cadeia produtiva.
É necessário conhecer a si mesmo, sentir-se à vontade nesse “papel”; experimentando uma visão ampla de si e das suas reais possibilidades. Libertando-se paulatinamente das algemas da mente, das crenças limitantes – “os programas aprendidos”– que afetam diretamente sua forma de liderar e repercute no clima organizacional, impactando invariavelmente sobre as pessoas que compõem seu time.
ENTRANDO EM FLUXO – ABRINDO OS CAMINHOS PARA SUA JORNADA PESSOAL
Imagine-se liderando em um “estado de fluxo” - (do inglês: “flow”), https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_(psicologia) -, um estado mental de operação em que a pessoa está totalmente imersa no que está fazendo, caracterizado por um sentimento de total envolvimento e sucesso no processo da atividade, proposto pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi.
Como seria sentir-se totalmente envolvido e conectado com sua liderança, à vontade para exercer seu papel de promover a grandeza das pessoas por meio do seu trabalho?
O primeiro passo nessa direção começa com a sua visão mais nítida sobre você mesmo: aquilo que te impede de ser você autenticamente, de sentir-se desafiado e inspirado para trabalhar com pessoas diferentes de você, cujos potenciais são complementares ao seu e, em conjunto, possuem as forças capazes de realizar algo maior que cada um separadamente.
Quando um líder se conhece, pode se gerenciar. Quando evita se conhecer mais profundamente, uma névoa impede sua visão clara e consciente de “ver além do óbvio” e seu desenvolvimento e sua evolução ficam comprometidos.
Encontrar líderes que passaram grande parte da sua vida utilizando “lentes imaginárias” sobre si mesmo é muito comum nos trabalhos de coaching executivo. Eu mesma, como líder, me permito compartilhar experiências onde minha visão da realidade esteve turva e equivocada por algum tempo, de forma que a minha percepção sobre aquela realidade não conferia com os dados concretos e tangíveis.
Como a nossa percepção da realidade contém elementos internos, muitas vezes, inerentes a nós mesmos, dar-se conta disso exige estar mais conectado consigo e se permitir enxergar além das palavras. É preciso aceitar o fato de que, como líderes, nossa natureza humana nos torna sujeitos ao erro – condição de sermos falíveis (https://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Hall) – e que errar, se estivermos abertos, nos oferece a grande oportunidade de aprendizado.
“Dar um passo para trás” – aprendizagem advinda das contribuições da neurossemântica dos estudos do Dr. Michael Hall (https://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Hall), que permite limpar as lentes, ampliar a visão sobre nós mesmos e mostrar como estivemos com nossas visões pouco nítidas.
Confrontar nossa autopercepção com outras visões pode nos dar amplitude e novos horizontes, isso requer coragem para descobertas em níveis mais elevados. Aprimoramos nossa liderança, a partir da compreensão do que acontece dentro de nós, aquilo que pode ser resgatado, ressignificado à luz do momento presente e atualizando nossos “programas aprendidos” de forma leve e verdadeira.
Damos passos para frente, de modo a renovar o olhar sobre nós mesmos, em relação às nossas próprias reações como líderes. Tomamos consciência de que comunicar-se, na liderança, exige consciência do todo, do outro e das partes. Uma forma empática de ”tornar comum” as questões cotidianas pode gerar sinergia e frutos coletivos.
Quanta abertura, então, um líder que decide percorrer uma jornada de autorrealização, precisa ter para se tornar aquilo que deseja ser? Quais aprendizados são decorrentes do autoconhecimento, da busca incessante por descobertas sobre si, da leveza que vem da aceitação incondicional do seu valor, independentemente dos seus erros ou acertos?
Quanto tempo você, líder, vai se permitir manter-se na zona de conforto? Quão estimulado você se sente para percorrer um caminho de descobertas internas, reveladoras, repletas de insights, que se direcionam para uma jornada pessoal rumo a Autorrealização?
Uma sensação de pertencer ao “papel de líder”, de fazer a diferença na vida do seu time, de inspirar confiança no potencial das pessoas e de liderar, com a força, os seus recursos internos, os quais se renovam diariamente com ganhos notáveis para você ser a sua melhor versão de liderança.
CONECTANDO-SE COM SEU TIME
A Liderança autorrealizada requer maestria com seu Time, esse tem sido um dos grandes desafios de quem deseja liderar pessoas.
É inegável a fonte renovável de potencial humano que se manifesta através de uma liderança autorrealizadal; do despertar coletivo de um ambiente colaborativo, que se pauta por pressupostos de mútuo entendimento; e da abertura para o erro construtivo, que nasce do diálogo potente, rico em perguntas que apoiam a elaboração consciente das responsabilidades de cada integrante com o propósito conjunto.
Esse despertar concede ao autor responsabilidade, que se costura por um tecido coletivo, aprimorado pelo desenvolvimento contínuo das pessoas, tanto nos seus aspectos técnicos, quanto no que concerne ao aspecto humano.
Ele se revela através das ações intencionais da liderança, em converter estratégias que ganham significados intensos e clareza sobre os diferentes papéis e compromissos de cada um.
É na rede de segurança que o líder pode tecer juntamente com o seu time, por meio de desafios, autonomia e oportunidades de aprendizado, nos quais permitem às pessoas oferecer o seu melhor em cada posição, numa alternância entre dar e receber feedbacks autênticos e orientados, ao fazer da pessoa e a ecologia disso no todo.
Quais resultados podemos esperar de times que tenham o privilégio em ter um líder, cujo foco de atenção dirige-se além das tarefas profissionais? Alguém que compreende a natureza humana em suas múltiplas facetas, que reconhece a importância de ser generoso consigo e com os demais, numa dança positiva com o objetivo de construir e expandir novos significados no dia-a-dia da vida organizacional?
Líder que possui habilidade da autoridade autêntica, que concede oportunidade às pessoas de acessarem seus maiores recursos internos e capacidade ímpar num mundo repleto de descontinuidades. Onde a mudança é o pão de cada dia, onde estaremos nos reinventando em períodos cada vez mais curtos e expostos a um número de situações inesperadas e sem precedentes.
EXPERIMENTANDO A AUTORREALIZAÇÃO COMO MOTOR DO DESEMPENHO
Como a Liderança autorrealizada pode contribuir em momentos de incompreensão da realidade, cujo valor de um time será avaliado através do foco empenhado nas soluções práticas da sua realidade, em que não haja precedente histórico na sua geração que possa oferecer suporte, a exemplo da turbulência vivida pela pandemia?
De onde virão as respostas, senão de dentro de cada um de nós, da força incomensurável que nasce de trocas humanase que são capazes de prover soluções inventivas? Quando se estabelece o fluxo – esta experiência de estar totalmente envolvido gerando mais excelência humana –, o acesso ao potencial ganha força e desenvoltura.
O que esperar de ambientes que valorizam e reconhecem a necessidade vital de oferecer aos líderes conteúdos de desenvolvimento de pessoas, como alavanca para suprir conflitos e gerar desempenho? São muitos os aprendizados decorrentes de uma jornada construtiva e inspiradora.
Liderar está atrelado a compor novos enredos na geração de significados: aprender a identificar como as molduras de crenças3 – (https://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Hall) – atuam nos ambientes corporativos. Aprender a assumir a responsabilidade pela construção dos seus próprios significados, bem como, aprender a arte de fazer perguntas robustas para seu time, a fim de possibilitar a geração conjunta de novos e elevados significados coletivos, no que se refere às situações e aos desafios do ambiente.
Nesses momentos, onde o propósito ganha proeminência, liberamos mais potenciais humanos, acessamos mais facilmente nossa capacidade de aceitar, de tolerar a incerteza e de perceber a criatividade e abertura para vínculos mais intensos e duradouros.
Se pensarmos em termos de uma Liderança sustentável – aquela que se mantém ao longo do tempo –, não podemos mais ignorar a realidade de que muitos líderes empenham demasiado esforço para se tornarem eficazes em sua prática, porém a maioria volta aos velhos hábitos. Como bem cita o autor David Ulrick,(https://www.youtube.com/watch?v=zjRQqQlPV4g), em seu livro “Sustentabilidade da Liderança”, eles “Tomam o caminho de casa”.
Este artigo é um convite aos líderes que desejam assumir responsabilidade pessoal com a sua permanente melhoria e reconhecem que a Liderança importa. Tomam consciência de que ela constrói-se por meio de prática intencional e estruturada, com rituais contínuos, traduzidos em ações concretas, nos quais serão consolidadas por novos comportamentos.
Primeiro, liderar a si mesmo; depois, liderar o outro.
Primeiro, compreender a si mesmo; depois, compreender o Time.
Líderes desenvolvem potencial quando cumprem seu papel de arquitetos, eles mobilizam a força interna na direção dos resultados.
AS FERRAMENTAS DO LÍDER AUTORREALIZADO
A PERCEPÇÃO:
A Base do domínio de si mesmo vem do processo continuado de auto-observação. São as descobertas sobre si que empoderam o líder na revisão do seu comportamento.
✓ Abrace as experiências que não deram certo.
✓ Aprenda com os seus erros.
✓ Conceda-se a permissão para mudar.
✓ Acolha os feedbacks e peça mais retornos ao seu time. Leve consigo as novas percepções e desobstrua seus pontos cegos.
✓ Seja generoso com você. Se puder, ria de si mesmo.
✓ Ao final do dia, pergunte-se: O que deu certo hoje? Comemore seus avanços.
FEEDBACK
Feedbacks funcionam como suporte para a sua Liderança. Sem eles a mobilização dos potenciais fica sem combustível para produção de novos significados.
✓ Quais padrões impedem sua caminhada rumo à autorrealização?
✓ Use seu poder de autorreflexão: Escolha alguns padrões que você deseja mudar e esteja atento a eles.
✓ Peça feedbacks à sua rede segura de Relacionamento. Abrace seus pontos de melhoria. Você é muito mais que isso. Sua atuação é falível e nela está a grande oportunidade de crescer.
✓ Quais são as suas prioridades para este mês? Qual será o foco da sua atenção? O que você quer mudar? Como isso contribui com as suas maiores realizações?
PROPÓSITO PESSOAL
✓ Quais são os meus maiores valores pessoais?
✓ De que forma suas melhorias são congruentes com os seus valores?
✓ Quais são os maiores valores da organização a qual pertenço?
✓ Qual é o alinhamento entre meus valores pessoais e organizacionais?
✓ Como suas melhorias ajudarão as pessoas com quem você mais se importa?
✓ Seus significados apoiam sua performance ou limitam seus resultados?
Por Jacqueline M. Menezes
Meta-Coach
jacque.menezes@hotmail.com